já é carnaval, cidade
"...saiu correndo e disse: vou viajar!"
documentos
Meu irmão encontrou uma caixa cheia de correspondências minhas, de 98 pra cá. Li tudo. Conversas de sala de aula, declarações de amor, tem de tudo, na caixa. Muita coisa que eu não faço idéia de porque tive o impulso de guardar, e outros que eu sequer lembrava de ter recebido. Daí li como se fosse da primeira vez com um atraso de quase dez anos.
Tem uma conversa de sala de aula, de 99, em que eu declaro que farei vestibular para música. Composição e regência, provavelmente. A saber, fiz vestibular três vezes, uma de "teste", duas valendo. Perdi para Comunicação, passei para Ciências Sociais.
Uma das histórias mais interessantes é de 98 e 99. A internet brasileira estava terminando de se estabelecer, o mercado ainda não tinha se entendido bem, o site da UOL era um sistema solar horroroso, com gifmap e Yahoo, Altavista e Cadê? juntos faziam as vezes do que é hoje o Google. Nesse contexto, em que IRC era uma febre, ter amigos de internet não era assim tão freak. Era experimentar o hype adolescente do momento. Tudo isso pra dizer que eu tinha uma amiga de internet, do Rio de Janeiro. Daí a mãe começou a implicar que ela só queria saber de ficar no computador e não estudava, e ela decidiu deixar de usar computador. Pediu meu endereço e me mandou um carta. Eu respondi uma carta. Ela mandou outra, no meu aniversário, com um CD dos Paralamas do Sucesso [Hey Na Na] de presente. Daí respondi de novo. Acho que chegamos a falar no telefone. Ela mandou mais uma carta, então eu quebrei o pescoço e nossa correspondência anacrônica parou.
Quando estive no hospital, recebi também muitas missivas escritas a mão, em papel. Todo mundo tinha certeza da minha recuperação total. Tem um recado interessante de um colega que hoje tá pra se formar na Facom que começa assim: "Olha, não sou muito bom com essa coisa de escrever, mas (...)". Tem amor declarado "antes que passe" (passou). Tem plano de férias, muita coisa.
Tem uma carta que chegou do Japão. Carta da Nova Zelândia. Deu uma vontade monstruosa de escrever a mão. Mandar coisas pelo Correio.
Mas claro que na prática, vou sentar e esperar a vontade passar.
ressucitare
Vivo informa: o seu saldo está abaixo de 2 reais. Estamos completando a sua ligação.
Sem tempo e ânimo pra escrever. Tenho tomado refrigerante como quem toma remédio. Num gole só e com careta.
Tenho passado as manhãs na Federação, sentado em frente ao computador, checando documentação. O que está nos papéis amarelando tem que bater com o que tá no PC. E depois tem que mudar os papéis todos de lugar, organizar. Ler rapidamente tudo. Classificar. Mandar pra digitalização. Salvar a alma de Thales de Azevedo que vivia pra escrever e queria ser lido pela eternidade. Acho justo.
Esses dias, no caminho para a pesquisa - vou andando, é perto de casa - tenho que atravessar a avenida Garibaldi. Daí paro na beirada e observo o trânsito até ser possível atravessar. Nisso vem uma cachorrinha branca correndo em minha direção. Desconfiei. Parou do meu lado, deu bom dia e me olhou como quem diz oi, tudo bom, vou ficar por aqui, tá ok pra você? Pra mim tá massa, cachorrinha. Então chegou a hora de atravessar a rua, a brecha esperada. Atravessei. A cachorra veio comigo. Olhou como quem diz obrigado, só queria ajuda pra atravessar a rua, a gente se vê. Aí foi sentar na sombra.
A casa onde acontece a pesquisa lembra meu quarto. Tudo organizado da seguinte forma: todas as coisas estão em todos os lugares. É um caos cinematográfico. Dá vontade de ficar olhando. Meu quarto no entanto não é tão... fotogênico.
Quarto que vai deixar de ser meu. Tenho que sair logo, morar em outro canto. Estou a procura. Uma chance na Barra bateu na trave. Talvez nos Barris uma oportunidade. Quero morar no centro.
Acabou a temporada de Arlequim, d'A Outra Companhia de Teatro. É o nosso grande espetáculo. É o primeiro e é o grande espetáculo. É aquele que é completamente nosso, e nos sentimos confortáveis fazendo. O último dia foi excelente. Deu aquele prazer que fazer teatro dá. Mas estava um pouco cansado demais pra absorvê-lo.
Daí vou descansar em São Paulo, onde não é possível que eu trabalhe. Vou passar uns dias de perna pro alto, comendo bolacha e dormindo bastante. Há planos para uma guerra de travesseiros. Me dê dinheiro que eu te trago muambas.
Pintei camisas do Baile e manchei minha bermuda. Vou continuar usando.
Mombojó vem a Salvador e eu tenho alguma coisa a ver com isso. Bom, bom.
Vou gastar o dinheiro que não tenho, raspar o pote pra lançar um EP de 6 faixas com os amigos. A banda é Coletivo über Glam. O nome do disco parece que vai ficar "wikibanda".
Vou começar uns trabalhos de demografia.
Esqueci de me matricular na faculdade, vou à matrícula presencial. Espero não ter grandes problemas.
A dúvida persiste: tinha algum bengo na Feira Hype de sábado?
Tinha mais coisa, mas já tá demais. Vou dando notícias.