26.12.07
  curtas
Estou confiante.

Hoje pessoas que eu não conheço ligaram duas vezes. "Ainda tem mesas pro réveillon?", claro. "Ainda tem ingresso? Na hora vai ter?", claro. Desculpa pessoal, falei sem conhecimento de causa. Não fiquem tão tranquilos. Já tem 150 pessoas na casa. Com 400 pessoas - se chegar a tanto, mas parece que sim - fechamos a porta, avaliamos quantas pessoas já compraram mas ainda não entraram (presos no trânsito? no farol da barra?) para então decidir se libera mais 50, ou 80. Outras variáveis são o nível de caoticidade das pessoas e a temperatura.

O cartaz do Baile de janeiro ESTÁ O OURO, MEU REI.

Atenção, estou oficialmente a procura de apartamento. Os três moradores da minha atual residência (comigo incluso), sonharam ao mesmo tempo com uma andorinha africana pousando na varanda de casa, o que, é sabido, é sinal de que a casa vai desabar. O motivo, no entanto, é misterioso. Pode ser por terra, água ou ar. Dona Edileuza que mora embaixo já foi avisada mas se recusa acreditar. Nós, que somos cientistas e não deveríamos ter sonhos premonitores, não vemos saída a não ser, sair. O motivo, claro, é outro, mas a explicação é muito longa.

2 ou 3 quartos, nos interessa. Se o dono da casa não for psicótico, ajuda. O limite de distância do centro é o Rio Vermelho.

Ganhei de Natal o texto da peça Don Juan, de Molière. (obrigado, ema). O texto começa sensacional, tem momentos muito bons com o humor característico do autor, muita coisa fácil de entender e difícil de fazer. O nível mantém-se até o quarto ato, daí vai caindo, caindo, e termina terrivelmente mal, o que é uma pena, já que o resto é tão divertido. Dá vontade de ressuscitar o francês, só pra dar umas tapas nele e deixar ele em paz de novo.

Corri atrás do ladrão. Não façam isso.

Boa noite.
 
24.12.07
  octávio mangabeira
Em 71 o presidente Médici veio à Bahia para a reinauguração da Fonte Nova, agora com dois "andares", e capacidade para, dizem, cem mil pessoas. Quando eu tinha uns 8 anos pegava carona pra escola com torcedores do Bahia e uma das informações mais repetidas por pai e filho quando o assunto era futebol, é que nada era mais bonito do que a Fonte Nova lotada. Cem mil. 94.972 é o total de pagantes no dia da reinauguração (Emílio pagou?).

A imprensa da época achou a obra de ampliação muito ligeira, e por qualquer motivo da conjuntura política do momento, a moda era dizer que a obra não ia aguentar o tranco. Criou-se uma tensão, um "será?", uma coisa assim bug do milênio. Cheguei a ouvir que considerou-se que a obra servia para mostrar a força do regime, e que uns vermelhos extremistas consideravam sabotar o estádio, já que se a Fonte desse merda, seria um golpe nos militares.

Garrastazu veio. Na reabertura foram dois amistosos. Bahia e Flamengo, um a zero pro Baêa, e Vitória e Grêmio, que não acabou (estava zero a zero). Os times foram escolhidos por serem os dois maiores clubes locais, contra o time de maior torcida do Brasil e o time para o qual o presidente torcia. No meio do segundo tempo entre Grêmio e Vitória, um refletor estourou e alguns gritos de "vai desabar" foram suficientes para que os torcedores do Vitória, Bahia, Grêmio e Flamengo se convertessem em um rebanho de gnus correndo para se salvar. Meu avô tinha saído pra comprar alguma coisa pra beber. Meu pai estava lá, de perna engessada, guardando o lugar de meu avô. Começou a correria, painho não podia correr, só podia ficar. Ficou. Em pé parado estava, em pé parado permaneceu enquanto a manada descia rio abaixo. Uma menina que estava perto dele, sentou e se abaixou. Virou degrau e foi severamente pisoteada. Foi uma entre os mais de dois mil feridos. Outros se jogaram do segundo para o primeiro anel. Um estádio inteiro correndo e gritando.

Conta meu pai que minutos depois do estouro do refletor e da boiada, dezenas de meninos corriam pela arquibancada catando rádios, sapatos, relógios e o que mais tenha caído da multidão. Enquanto isso os feridos e demais pessoas passando mal se estiraram ou foram estiradas no campo. O terceiro momento é da polícia carregando os feridos que ficaram pela arquibancada, e orientando a evacuação do estádio. Meu pai saiu muletando e deu de cara com meu avô de olho esbugalhado, no portão.

Ninguém foi responsabilizado, as atividades continuaram e alguns anos depois a capacidade oficial foi reduzida para 60 mil.

No tempo que acompanhei futebol, torcia pro Vasco, por critério totalmente aleatório, no entanto, sempre fui ver o Bahia. Eu fui para o estádio com meus pais, ver um jogo do Fluminense (não lembro se era o de lá ou o de cá) e uma outra vez o Flamengo. Foi uma coisa turística. Vamos ao estádio. Ia uma outra vez com os vizinhos-Bahia da carona, mas não deu, e fui pro próximo. O próximo, no entanto foi no estádio (?) de Pituaçu. Em 1996 passei uma tarde na casa de um colega de escola, e vi o Bahia perder. Só voltei lá esse ano, fui umas três vezes. Não passo muito por ali, nunca morei por ali, nem nunca entrei no Balbininho. Minha relação com a Fonte é mínima.

Mesmo assim acho triste que ela seja derrubada e não reformada. Queria que alguém explicasse de forma minimamente convincente porque implodir o lugar é o melhor, porque é assim tão inevitável. O lugar tem histórias, tem memórias, tem marcas, tem vida. Não sou um fervoroso defensor da não-reforma nem nada, se for tecnicamente inviável reformar, se for incalculavemente mais barato derrubar e refazer, eu me convenço, entendo, mas até lá, fico triste.

E claro, se souberem a hora e o dia da implosão, quero estar lá com uma câmera e uma Skol na mão, porque não?
 
18.12.07
  voltando
será que o blog volta?

vejamos:

A Bahia me emociona.

Hoje um cara apontou uma pistola pra mim e disse: "Peraê, peraê! Quem é veado agora, hein?" Aí eu vi que ele tava apontando a arma, num local público comigo no meio do caminho e por questões pessoais, para um hippie-rasta-vendedor de coisas que estava atrás de mim. Saiu de um prédio da polícia que fica do lado do teatro, que ninguém sabe exatamente pra que serve. Atrás dele veio outro, de camisa verde. Também de arma na mão, apontando pra cima. Achei mesmo que iam atirar. Atrás de mim, pra minha sorte (?), tinha um policial militar que não sabia ainda que o bróder baixinho era puliça, também com arma na mão. Lugar errado na hora errada, alguém?

Reorganizando. No meio, o rasta. Perto dele (tão distraído), eu. Apontando arma pro rasta às 5h, um bróder baixinho. às 6h, um bróder mais alto, de camisa verde, com arma na mão apontando pra cima. Às 11h, um policial militar fardado apontando a arma para os outros dois armados. Nenhum deles estava com o foco em mim. Era como se eu fosse um pequeno Gaspar. Logo, continuei andando invisível. Não consegui sair de perto da cena. Policiais com orgulho ferido por motivos infantis e arma na mão precisam de testemunhas. Me posicionei atrás da placa de ferro do Vila, meu bunker improvisado, e testumunhei, pensando no bróder.

Parece que a história foi essa. Vamos chamar o policial baixinho-quem-é-veado-agora? de Sucker. Vamos chamar o amigo dele de camisa verde de Fucker. O policial militar chamaremos de Guarda Belo. Guarda Belo diz: "Abaixa essa porra aí!", Sucker responde: "eu sou puliça, eu sou puliça", mais tarde mostra os documentos, mas Guarda Belo acredita de primeira. Sucker chuta Rasta (que chamaremos de Rasta), tira a espada decorativa dele. Quebra. Mas não quebra muito, daí ele quebra de novo. Bem, só saiu uma lasquinha. Aí ele pisa e pula em cima da espada. Quebra mais ou menos só, mas ele se satisfaz. Sucker entrega a arma pra Fucker, e pra mostrar que é macho pra caralho, chama Rasta pra mão. DESARMADO! "Quem é veado agora, hein? Venha, pra eu lhe mostrar quem é veado!" Rasta pode até ser lutador profissional de Kung Fu Gracie Montage Fatality with Lasers, mas resolveu não brigar com Sucker. Afinal, Fucker e Guarda Belo e o espírito corporativo deles estão lá, com as pistolas do Estado na mão. Então chega Caveirinha My Friend, amigo de Rasta pra tentar acalmar. Logo depois, surge Croc, um novo policial militar na trama. Croc acha muito desrespeitoso que depois de estar acuado, ameaçado e chutado, Rasta continue falando. Sem perguntas, sem entender a situação e sem dar bom dia, Croc desce a madeira em Rasta. Dá uns três socos. Rasta larga as coisas no chão e se sai, sem reagir. "Deixa eu pegar minhas coisas." A discussão eu-sou-macho-pra-caralho e tenho uma Glock continua. Rasta leva mais uns tapas. Caveirinha My Friend recolhe tudo o que consegue. Sucker volta pra sua base. Fucker fica o tempo inteiro vigilitante de arma na mão. Guarda Belo e Croc cogitam bater um pouco mais em Rasta. Rasta pega o que Caveirinha não consegue carregar - é muita coisa - e vai em direção ao portão, mas quando so policiais civis (?) e militares se dispersam, fica por ali mesmo.

Justiça, minha gente. Diante dos nossos olhos. Quando vi a violência pensei em chamar a polícia, mas simpatizei com Rasta. Ia ser barril pra ele. Rasta chamou Sucker de veado e a corporação trabalhou unida pra reestabelecer a honra. Queremos mais cooperação, Bahia.

O Passeio Público tem um CASTELO DA POLÍCIA MILITAR, uma SALETA MISTERIOSA DA POLÍCIA CIVIL «BARRA» SERVIÇO SECRETO e um assalto por semana, por baixo. Traficantes residentes e alguns furtos ordinários, e esses caras se reúnem pra bater num Rasta vendedor de colar que chamou um baixinho a paisana de veado.

De novo: a Bahia me emociona.

Era isso.
 
blog. só um blog.

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