30.12.06
  tétano e outras coisas
A cruel verdade é a seguinte: o tétano faz parte do seu mundo. É, ele está em todo o lugar. Eu não faço a menor idéia de como age o bicho que causa tétano, porque ele faz o que faz e porque ele está em todo lugar. Sei que ele faz. E é mal-intencionado. Se é que é um bicho. O que eu sei sobre tétano é o que todo mundo sabe e mais duas coisas que nem todo mundo sabe.

Uma coisa, é que eu vi em um seriado de TV (C.S.I., acho), um cara que realmente teve tétano (ninguém conhece ninguém que já tenha tido tétano - há quem duvide de que esta coisa realmente exista) e é bizarro. É medonho. É triste. É uma coisa impensável. Você não quer ter.

O que todo mundo sabe é que se você se corta com um objeto de metal enferrujado, você tá lascado, e tem que tomar a sua anti-tetânica urgentemente de maneira imediata. E aí é que é entra a outra coisa que andei sabendo que pouca gente sabe. Esse negócio de metal enferrujado é pilha. É mentira. O tétano está em todo lugar mesmo, de verdade. Então se o metal não estiver enferrujado, se você levar um tiro, se se cortar com vidro, e (dizem) até papel, o nosso amigo tétano TAMBÉM pode estar ali. Certamente que as chances de contaminação são menores do que se você pisar num prego enferrujado, mas existem. De verdade.

Uma chance de desenvolver uma doença severamente bizarra não deve ser negligenciada.

O ano está acabando e esta é uma coisa importante a se saber que pode salvar vidas. Se você se corta, você pode ter tétano. É um perigo.

adendos:
Queimaduras, também. Queimaduras também podem trazer o amigo tetanoso. Vá tomar sua anti-tetânica, na moral, tá me agoniando.

Quem pega tétano começa a se contrair todo e não consegue se mexer, nem falar direito, até que não consegue respirar e morre. O tratamento te leva para a UTI, drogas pesadas e chances mínimas de retorno à vida normal. Deviam botar o remédio pra isso no leite, na moral.

Estejam alertas, e um bom 2007 para todos vocês.
 
26.12.06
  condombré


Amanhã vou no condombré jogar búzio.

Saber (finalmente) qual é meu santo e fazer umas perguntas ao destino.

Decente.
 
24.12.06
  2
1 » ho-ho-ho

Dei bons presentes de natal. Até agora já ganhei coisinhas legais. O natal já foi bom, esse ano. Tem a "cerimônia dos estranhos" amanhã e aí acaba.

Cerimônia dos estranhos: Uma vez por ano, minha família se encontra com outras famílias com as quais ninguém tem muito a ver e pouco se falam ao longo do ano. As famílias não variam (o que poderia trazer uma dinâmica curiosa ao ritual). São sempre as mesmas pessoas. As vezes uns faltam, outras não. É tradição.

Me dei três presentes (décimo terceiro é uma bênção):

A - GOSTARÍAMOS DE INFORMÁ-LO DE QUE AMANHÃ SEREMOS MORTOS COM NOSSAS FAMÍLIAS
de Philip Gourevitch. Lembro quando há muitos anos, Magali Mendes falou desse livro em sala. É um livro sobre Ruanda e seu pouco-noticiado holocausto particular. Um repórter que passou alguns anos lá no logo depois da quebradeira.

B - PEDRO LUÍS E A PAREDE - SELEÇÃO 1997 | 2004
Uma seleção de 14 músicas feita por eles mesmos. Não me lembro de já ter visto isso: uma banda produzindo uma coletãnea dela mesma. Sucesso. Muitas músicas boas. Não conhece a PLAP? Faz assim, imagina que a Fernanda Abreu é homem, gosta de samba e é tão legal quanto pensa que é. É o Pedro Luís.

C - ZECACURYDAMM - SESSÕES DA PRIMAVERA
Não gostei. É uma música que não se entende. Que nem Álvaro Lemos e os Romeus. Eles também não sabem o que querem da vida. Não é que não tenham qualidade (como The Honkers, por exemplo, que é um cu), mas parece que ao mesmo tempo que eles querem ser originais têm uma preocupação em ser pops e absorvíveis. Aí não é nada. É um pop com gracinhas. Como se eles tivessem uma proposta realmente genuína mas acharam melhor não arriscar pirar de vez. Não dá pra ouvir duas vezes.

Bem que eu já desconfiava que esse negócio de inaugurar estilo (FLOWER) é coisa de quem não sabe realmente o que faz.


2 » volver

Almodóvar é um gênero. Há comédias, dramas, filmes sobre judeus, ações, thrillers, comédias românticas, suspense e há Almodóvar. Menos escatológico a cada filme que passa, esse filme não tem cena de sexo de nenhum tipo, fluidos escrotos, vaginas gigantes... Uma bicha, sequer, não tem. O peito que aparece é tão rapidinho e tão suave que nem conta. Mas ainda é Almodóvar. Ele deixa aparecer o estilo em todas as outras coisas. O jeito de falar das personagens é o mais interessante. Poucas vezes não gosto de Almodóvar. O filme te envolve como o fazem os bons filmes. Quem procurar defeito, pode dizer que o filme é um pouco longo. Só um pouquinho. E que acaba meio de vez, sem um desfecho explícito. O público só começou a se levantar algum tempo depois que os créditos finais dançavam pela tela. Muito bom.
 
20.12.06
  playa!
Hoje, depois de meses, dei uma passadinha na praia.

Você veja, menina, que coisa horrorosa, uma quarta-feira e parecia domingo.

Meu último registro de ter ido à praia foi quando Peter ainda tinha cabelo. Acho que foi fim de julho ou começo de agosto. Foi uma prainha rapidinha, afinal, eu trabalho em todos os dias em que o banco abre. E mais alguns.

O negócio é que foi bom.

Recomendo. Crianças, vão à praia.
 
19.12.06
  decente
A Outra Companhia de Teatro, grupo de que faço parte, teve o projeto que inscrevemos no BNB aprovado.

Isso quer dizer, dinheiro para trabalhar. Isso quer dizer que estamos aprendendo a fazer projetos. Isso quer dizer que uma galera lá do banco achou que nossa idéia foi astral pra caralho.

A idéia foi:

Trazer representantes de 10 grupos de artes cênicas do nordeste, (dando preferência para os miudinhos e espetaculares) para dar oficinas aqui em Salvador, no Vila. Dão uma oficina curta, mostram como é o trabalho deles, e passam uma semana aqui tendo aula com um grande mestre do teatro baiano. Hebe Alves, Marcio Meirelles, Harildo Deda, Meran Vargens ou Luiz Marfuz. Enquanto nós, da companhia, tomamos aulas com os visitantes e com os mestres.

Aí grava tudo, escreve tudo, compila tudo num material sucesso do verão, manda esse material para os grupos que participaram. Manda vários kits desses, para eles também poderem distribuir lá entre os deles. E pra estarrar de vez, colocamos tudo na internet.

Depois disso, conhecendo a galera nordeste afora, fica muito mais fácil de planejar viagens, onde já teremos contatos e referências de gente que faz teatro lá e pode dar a idéia cheque pra gente.

Sem falar que a gente vai ganhar dinheiro pra trabalhar.

Sucesso! Massa!
 
15.12.06
  sinais
1.
O Gmail deu pau três dias seguidos. Não queria me deixar baixar uma série de mp3. Ficava travado em "scanning for viruses..." e não liberou. Por três dias. Em outros momentos não quis nem logar.

Esses erros com o Gmail geralmente duravam 5 minutos. Três dias!

2.
Hoje acordei e tinha uma mesa de café da manhã farta na sala. Transbordava comida. Sentei, ainda grogue, e Daniel Mã disse: "Coma! Tem iogurte, requeijão, essas frutinhas, esse suquinho...".

Atenção para os sinais. Muita atenção.
 
14.12.06
  crise
Existe uma coisa que eu chamei para mim mesmo de estado de exceção. É o dia em que você se permite se maltratar um pouco em função do trabalho, da tarefa, em função dos outros, ou do que quer que você esteja fazendo. Quando você entra no estado de exceção, cancela o cinema, janta um sanduíche, se entope de café, cochila no escritório e vai, vai, vai, até acabar o que você tem que fazer. Se não acabar tudo, pelo menos uma boa etapa. É o dia em que você se desliga para poder fazer as coisas andarem. Deixa o mundo de lado e o que importa é o que você está fazendo. E só.

Passado esse momento, em tese, vem uma sensação positiva (uma coisa cristã-protestante) de dever cumprido. Você se livrou de uma obrigação, foi útil para o mundo. Botou para foder. Daí a rotina volta, no fim de semana descansa-se e a vida continua.

Pra fazer teatro, nesse Estado (muito provavelmente neste país - possivelmente em qualquer lugar do mundo), e dar certo, para tentar viver disso (ou disso e dos bicos relacionados) tem de se estar em estado de exceção quase constante. Super-afim o tempo inteiro. A hora de descansar diz que vem semana que vem, mas nunca se sabe de fato. As pendências são infinitas. As coisas que surgem de última hora e requerem atenção, duplamente infinitas. Garimpar editais, atender às exigências burocráticas de leis de incentivo, obedecer aos prazos, ter a documentação... É preciso ser uma empresa. E é impossível ser uma empresa, porque teatro atualmente (ou atualmente aqui) não se paga. Não é uma coisa que dá dinheiro. É uma coisa que na melhor das hipóteses, dá um dinheirinho. Uma vez só. Logo, não há empresa. E para enlouquecer atrás disso tudo sua disponibilidade tem de ser praticamente integral.

Cada vez que me dou conta disso entro em pânico. É certo que não estarei tranquilo sendo outra coisa. Aí lascô.

É isso. Estou cansado, e a impressão que dá é que estarei sempre.
 
12.12.06
  colchão
Hoje foi minha primeira noite com meu novo colchão Ortobom.

Não é apenas um colchão Ortobom. É um bom Ortobom. Gordinho, com aqueles botãozinhos laterais. Não dobrável. Anti-tudo-de-mal-que-há-na-Terra. Protege até de mau olhado.

A primeira noite no colchão novo,
É como o sono no colo da mulher amada,
É partir em épica viagem,
E torcer para não haver chegada,

É como cair em areia movediça,
Afundar, afundar, afundar,
É ver a vontade aprisionada
Ao desejo de não levantar,

A primeira noite no colchão novo,
Fica gravada no corpo da gente,
Mesmo quando amanhece o dia,
Ainda é noite em sonho insistente,

Quando afundo no meu colchão,
O colchão também afunda em mim,
Sinto sono onde quer que eu vá,
Quero para sempre dormir assim.


Obrigado, pai, mãe, pelo melhor natal de todos.
 
11.12.06
  cinema - bahia
Fui ao cinema com a família assistir ao longa metragem baiano "Eu me Lembro".

O olhar apaixonado do baiano que viveu a época, ou que entende a época sem ter vivido e todas as outras pessoas que têm razões pessoais para se emocionar ou se identificar com o filme, encontrarão as coisas boas que ele tem para oferecer.

Encontros com imagens que parecem perdidas para sempre - recuperadas de uma dimensão paralela onde o passado é agora - memórias de um ponto de vista próximo do seu. Digo isso porque vi essas coisas boas. Porque tenho saudades dos anos 60.

É um fenômeno incomum, se considerado o todo, mas bastante recorrente se considerarmos um grupo reduzido de pessoas. Neste grupo reduzido estão as pessoas que remexem em papéis amarelados, estudam histórias particulares de espaços particulares e ficam esmiuçando poeira dos outros e se emocionando com isso.

Eu remexi mil histórias e recortes de jornal e recados que um dia foram afixados na parede do teatro vila velha, ou de coisas que tinham a ver com o teatro vila velha. Sou um estudante assistemático da história do teatro. Coisas de 1959 para cá. Alguns dos personagens ainda estão vivos e aparecem de vez em quando. Eventualmente trocamos umas idéias e compartilhamos nossas saudades.

Sou íntimo de algumas dessas coisas e morro de saudades.

Então quando as coisas que eu conheço e entendo e identifico surgiam, eu era fisgado. Quando as músicas velhas de propaganda da Pepsi surgem eu sou fisgado. A propaganda de natal da Varig e essas coisas que não são do meu tempo, mas que me rodearam desde sempre. É um tempo que eu conheço aos pedacinhos.

Outra coisa boa de ver o filme é ver os amigos e conhecidos na tela. Zeca, Lúcio, Victor, Filipe, Thierry, Iara, Caco, Bertho, Chica, Wilson... A lista é longa.

E fim.

O olhar desapaixonado, racional, - analítico, talvez - vê uma produção inexperiente. Um diretor inexperiente. Uma direção de fotografia frouxa. Um roteiro ruim. Personagens que não servem para nada mas ocupam um espaço enorme (eu gosto de João Miguel, mas porque ele está no filme?). Uma valorização enorme de cenas corriqueiras, e uma desvalorização imensa de momentos importantes. Exemplos são: o momento de descoberta da maconha. São uns 20 minutos descobrindo a maconha. Saco. O momento "estou deprimido". Cadê a construção disso? Porquê? O quê? Como? No hospital acontece o quê? Ahn? Repete aí, que não deu pra entender.

Fico triste com isso, mas é o que me parece.
 
7.12.06
  bossa nova
É bom negócio você criar uma rádio no Pandora baseada em uma bossa nova qualquer. Ou ir na rádio UOL ouvir uma rádio bossa nova dessas.

O rendimento do Pandora é melhor.

Eles tocam sempre três tipos de bossa nova:

1. Clássicas: João Gilberto, Tom Jobim, e um monte de coisa que não precisamente bossa nova, mas circula por ali.

2. Desconhecidas: que geralmente são desconhecidas por não serem boas canções para começo de conversa

3. ...e Vinícius de Moraes.

Muito agradável de se ouvir. Recomendado para dias não-exatamente-agradáveis como hoje.

Há um problema que deve, no entanto, ser observado: o volume de gravação varia absurdamente. Quando tá tocando João Gilberto, você põe o volume no talo, e ainda assim não dá para ouvir muito bem. Aí a próxima música é - mesmo sem ser, assim, bossa bossa nova nova mesmo - é Os alquimistas estão chegando. As paredes começam a rachar. Aí você abaixa o volume. E vem Águas de Março com Nara Leão e não dá pra ouvir. Aumenta o volume de novo... e assim por diante.

Enfim. Um quarteto ficará assim, muito bom, muito bem.
 
5.12.06
  fotos
O fotógrafo é João Meirelles.







Vem aí: A Sacanagem da Outra.
18 de janeiro.
No Vila, claro.
 
  curtas
O óculos foi consertado. 30 conto.

Tiramos fotos promocionais para divulgação do próximo espetáculo - A SACANAGEM DA OUTRA. Algumas das mais interessantes virão para cá. Hoje ainda, provavelmente.

Line Rider tem minado a minha produtividade enquanto ser humano. Eu não consigo parar.

Setaro precisa de você. Você que como eu, é A+, vá ao Hospital Aliança (logo que estiver desintoxicado), diga que não é homossexual e doe o seu sangue assim mesmo. Embora não seja o mais indicado, A-, O+ e O- também podem doar. Se não para ele, para outros, a boa ação vale. A vida de álcool e cigarro em sala de aula finalmente rendeu frutos, e o professor da Facom vai fazer umas ferrovias no coração. Espalhem a notícia e podendo, doem sangue.

Faltam 1321 dias para os meus vinte e sete anos e eu ainda não estou rico. Continuem atentos.
 
1.12.06
  hype
A onda agora é o toxoplasma.

O toxoplasma gondii.

O gondii é um amiguinho que, se não vive, poderá passar a viver a qualquer momento no seu cérebro.

Trata-se de um parasita que, uma vez que você se contamina, o seu comportamento muda. Sua vida muda para sempre. Homens portadores adquirem comportamento feroz, desinibido, sem medo do perigo. Mulheres tornam-se afetuosas.

Venha você também para o mundo de gondii.

Eu já tenho o meu.
 
blog. só um blog.

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