e s t r é i aSábado agora, estréio de novo.
Rerembelde. Infantil. Sou um papagaio, numa roupa quente e desajeitada. Dentro dela não dá pra ver direito, nem escutar direito, faz MUITO calor. Quando começou a temporada de Arlequim, já tava tendo ensaios do Rerembelde, e eu tinha 72 quilos. Hoje tenho 68. Vamos ver o que acontece até dezembro, quando acaba a temporada.
Morria de medo de o espetáculo virar uma coisa dinossauro roxo. Não virou. Virou um negócio meio politicamente incorreto, e que, aparentemente, adultos gostam muito mais do que as crianças. Rerembelde é o mundo mágico das crianças. Lá dá pra brincar pra sempre, e todas as coisas de todas as brincadeiras existem, e não tem hora de dormir, e tem casa de chocolate, e bichos que não existem e uma inifinidade de coisas legais. Um menino quer ir pra lá. Qualquer semelhança com todos os infantis que vocês já ouviram falar antes, não é mera coincidência. A diferença está quase sempre na forma.
Parece que é bom.
Não sei vender meus espetáculos.
Estréia dia 29 de outubro, fica até 04 de dezembro.
Eu sou o papagaio.
b a n g , b a n g . . .A Veja publicou sete motivos para votar não, que na verdade são seis, porque o 5 é igual ao 6. Mas pouca gente ia prestar atenção em "6 motivos...". Sete é um número contundente. Primo. Cabalístico. Motivos que na verdade são dois: A Veja é liberal e defende a liberdade absoluta do indivíduo e a ausência da interferência do Estado em qualquer negociação, pois defende a liberdade, que se traduz, na vida real, numa espécie de lei do mais apto (rico/poderoso). O dever do Estado é cuidar daquelas coisas que não têm como ser muito lucrativas (subsidiar quem planta cebolinha e maxixe) e permitir que todo mundo possa fazer o que bem entende. Até porque esse referendo pode apenas potencialmente interferir na vida de alguém. Todos os leitores da Veja que quiserem ter uma arma, continuarão tendo, sendo legal ou não, assim como quem quer fumar maconha fuma, quem quer assinar recibos com valores diminuídos ou aumentados para pagar menos impostos assina, e quem quer usar software pirata e baixar música pelo KaZaA (que no Brasil é proibido), baixa. Não que ser proibido não faça diferença, mas a mudança não se dá nesse nível, e nem de forma tão contundente e catastrófica como a campanha do "não" sugere. A posição da Veja tem a ver com o cerceamento da liberdade individual. O segundo motivo é que para a Veja, oportunidades de detonar o governo e o MST é sempre um bom motivo.
Na sua campanha, a Veja se contradiz, compara o Brasil com a Suíça mais de três vezes e chega a expor coisas engraçadas. "O desarmamento da população é historicamente um dos pilares do totalitarismo" (!!!) o que provavelmente, faz de Japão, Inglaterra e Austrália (que proibem total ou parcialmente o comércio de armas de fogo) estarem a um passo da ditadura militar ou de uma revolução comunista ou nazista. Ao mesmo tempo que tenta deixar claro que a quantidade de armas não tem ligação nenhuma com a violência, insiste que desarmar a população vai aumentar a violência. Outra parte hilária é sobre a formulação da pergunta. Concordo que a pergunta está formulada de forma tendenciosa, mas a opção proposta pela Veja é muito mais tendenciosa, só que para o "Não". A Veja propõe que se o Estado não garante a minha segurança eu posso ter uma arma de fogo. Esse é outro argumento não-bom. Estatisticamente, armas de fogo em casa não ser igual a segurança, ser igual a mais gente ferida ou morta. O estado deveria me dar saúde, não dá, então eu tenho um plano de saúde. É meu direito. Educação, transporte, lazer... Tudo comprado. O Estado deveria me dar segurança, se na minha opinião pessoal o Estado não cumpre o seu papel, eu deveria poder comprar minha segurança, certo? Certo. A Veja esquece-se das armas não-letais, essas sim, muito mais próximas de segurança do que armas de fogo. Choques, sprays ou mesmo pistolas e revólveres que são abastecidos com munição não-letal, suficientemente eficazes para derrubar ou atordar qualquer Schwarzenegger. Um dos argumentos chave da Veja é dizer que isso desvia o foco do problema real e não resolve a questão: o banditismo. Isso não faz o menor sentido. Quem está falando em banditismo? Estamos falando do comércio de armas de fogo.
Para mim, há três questões:
O Referendo é uma bomba. A questão é complexa demais, não deveria ser federal, e sim estadual. Há significados completamente diversos em ter uma arma no Rio de Janeiro, em Salvador e numa cidade no interior de Tocantins. Tanto ter arma, quanto que arma. A questão é muito ampla, muito complexa, e não deveria ser votada desta forma. Neste ponto, concordo com a Veja. O tempo de discussão, o espaço na TV é mínimo para a complexidade da questão.
O que vai mudar na realidade? O Brasil vai diminuir o número de armas de fogo que fabrica, de cerca de 200.000 por ano, para 30.000, pois só abastecerá as polícias e as forças armadas. As fábricas vão quebrar? Talvez. Se investirem em armas legais com munição não-letal que também servem para auto-defesa e proteção, mas não servem para matar, talvez essas fábricas sobrevivam. O tráfico vai se intensificar e ter uma arma vai custar mais caro, até porque a munição terá de ser também contrabandeada. Além de mais dinheiro, o criminoso vai ter que ter o canal. Os bandidões que sabem o que fazem e têm contatos internacionais não vão se abalar. Mas o pé-de-chinelo (que me assaltou com arma na frente de minha casa) não vai mais conseguir comprar um 38 por 100 reais. Vai ter que arrumar mais dinheiro. As armas que me assaltaram na porta de casa, eram das que vende-se em loja. Vai ser mais difícil. Menos crianças vão morrer com acidentes domésticos e brigas de bar mais dificilmente vão terminar em tiro. Menos suicídios bem sucedidos. Menos crimes passionais. Menos taxistas terão armas e menos pessoas farão "justiça" com as próprias mãos. Mais pessoas que têm armas levam tiro do que as que não têm. Mais tiros acontecem em assaltos com reação do que em assaltos sem reação. Uma pesquisa deste ano indica duas crianças mortas por acidentes domésticos com arma de fogo por dia no Brasil. Os bandidos não vão deixar de ter armas. CLARO. O referendo não está falando sobre isso. E se pretendia falar sobre isso, não conseguiu. O referendo trata de pessoas comuns.
O referendo não é um ato isolado. O referendo é um passo do estatuto do desarmamento. Todas as armas e munição fabricadas no Brasil serão marcadas. Não como um chassi de carro, mas com uma marca (no caso da arma) que torna virtualmente impossível apagar sem comprometer o funcionamento da mesma. Desta forma, encontrar a origem da arma (em caso de desvio interno, que é o que leva fuzis FAL às favelas) vai ser muito mais fácil. Já é praticamente impossível ter porte de arma de fogo no Brasil, hoje. Inclui treinamento, dezenas de documentos, meses de espera e restrições como só poder guardá-la em casa. Armas também já são sobretaxadas. A vitória do sim não desarma a população. Verdade. Quem prega que desarma está mentindo ou está iludido. Diminui as portas de entrada e o fabrico das armas de fogo, e faz parte de um programa mais complexo, esse sim, pretende acabar com as armas de fogo no país a longo prazo. E ao contrário do que a Veja prega, não é polícia, mais arma ou menos arma que acaba com a criminalidade e sim distribuição de renda, educação, saúde e lazer ao alcance de todos. O referendo também não mexe nisso. Mexe numa questão tática e não é, em si, solução para nada, é um passo. E um passo pequeno. Que mudará alguma coisa, talvez, se for minimamente bem feito... Daqui há uns anos. Creio que está muito mais próximo de medidas bacanas como proibir a comercialização de álcool com alto teor de inflamabilidade do que do fim dos crimes ou da segurança pública.
Porfim, gostaria de dizer que o sujeito que afirmou que proibir o comércio de armas, porque elas matam é como querer proibir o comércio de automóveis porque esses também matam é um completo imbecil.
s é c u l o . 2 1A missão de hoje de manhã era ligar para Angola afim de falar com o Dr. José Mena Abrantes, assesor de imprensa do presidente angolano, e entre outras coisas, autor de peças de teatro. Ele escreveu uma peça na década de 90, que A Outra Companhia de Teatro decidiu montar. Mas precisamos da liberação dele. Vamos lá.
Através de contatos internacionais do Teatro Vila Velha, foi relativamente fácil conseguir o telefone do gabinete dele e o celular. Consegui, junto com os números, naturalmente, o código de Angola.
O código de Angola é 244. E achei tudo muito estranho, que, embora o número do gabinete tenha 7 dígitos, o do celular tem 10. Vai saber.
0021-244-número. Esse número não existe.
0023-244-número. Esse número não existe.
Liguei pra Embratel. É impossível ser atendido por um atendente da Embratel. Impossível mesmo.
Liguei pra Intelig: "E aí, pessoal? Como é que faz pra ligar pra Luanda?"
Aprendi que depois de 244, tinha que discar 2. Coisa lá deles.
0023-244-2-número. Atende uma gravação com engraçado sotaque português: "Para completar esta chamada disque o código do país, 244, depois 2, o número da província e 2 novamente e então o número do assinante."
Liguei para Intelig: "Qual o número da província onde está Luanda?". Província? Que província?
Ninguém sabia. Decidi chutar.
0023-244-212-número. Esse número não existe.
0023-244-222-número. Esse número não existe meeeeesmo.
0023-244-232-número. Gravação: "Para informações sobre os códigos telefônicos, disque 109"
0023-244-109. Chama. Chama. Chama. Chama. Se eu deixasse, tava chamando até agora.
Luanda é a capital, talvez não tenha que colocar o número da província, pensei.
0023-244-22-número. E deu certo. Mas, claro, o Dr. José Mena Abrantes não podia me atender no momento. Eu deixei o número pra ele retornar. Não retornou. Amanhã, eu já pego um atalho.
e s p i e . s ó
DECIDAM! Vai ter arma de fogo disponível no Max Center?
Qual será a posição da Globo sobre o assunto?Eu fico aqui pensando...