t c h a m: )
a l f o r r i aEra uma vez uma mãe que ficou dodói. Não ligou muito, resolveu passar por cima. Aí o tal negócio que passou por cima dela. Aí mãe foi tirar férias no hotel.
Aí foi.
48h sem febre.
Lá vem ela de volta pra casa.
Ê!
v i v a !A AMOGRAÇA (Associação de Moradores da Graça) se organizou e investiu pesado num super-projeto para o bairro, que já mostra os primeiros resultados.
Depois da reforma da praça que tem o busto daquele holandês que ninguém sabe direito quem é, o novo grande empreendimento local é o PATINANDO NA GRAÇA.
Todos moradores com mais 35 anos da Graça e redondezas que ainda não tinham um poodle, receberam um empréstimo da Rockefeller Foundation para a aquisição de um poodle, uma coleira, dois potes coloridos (um para água, outro para comida) e um vale-vacina - cortesia da British Pet House.
Seguindo rigorosamente o cronograma sugerido pela Dra. Armênia Costa, a população se reveza das 15 horas às 9 horas. Todos os dias (exceto feriados), no horário indicado, haverá pelo menos um morador da Graça levando o seu poodle para passear e eventualmente se aliviar. Outros cães adquiridos anteriormente também podem participar do rodízio.
Com este exército da boa vontade, podemos proporcionar a patinação a todos os moradores e visitantes do bairro. Autoridades policiais, servidores federais, estudantes, garis, taxistas, ou seja, transeuntes em geral, todos poderão ser contemplados pelo projeto, num momento de distração. Basta sorrir e patinar. Uma realização "AMOGRAÇA - Eu AMO esse lugar".
m ã e !Agora estou no século XXI, mesmo. Comprei uma câmera digital.
c o n s e l h o- Pai, um monte de gente que eu não sei o nome vem falar comigo no pátio, agora. Acho que é por causa desse processo de eleição...
- Raspe a cabeça, deixe a barba crescer e passe a só usar preto. Volte ao normal quando isso parar de acontecer.
s p a mÉ só comigo ou vocês também estão recebendo dezenas de spams em alemão diariamente?
f i c ç ã o 2(baseado em fatos reais)
Você ligou para a Central de Relacionamento Ativo Vivo. Aguarde uns vinte minutos até ser atendido por um dos nossos atendentes.(20 minutos depois)
- Central de Relacionamento Ativo Vivo, Ana Maria, bom dia.
- Bom dia. A linha 7199789623. Meu nome é Camilo. O titular é José.
- Bom dia, senhor Camilo, em que posso ajudar?
- Eu queria entender a cobrança que chegou desse mês. Vocês cobram algumas das minhas ligações Vivo-Vivo, quando eu pensei que este assunto já havia sido resolvido. Se você for ver o histórico dessa linha, vai ver que eu fiz uma reclamação mês passado, e vocês abateram pouco mais de oitenta reais da minha conta, e que por causa da retificação a conta tinha o prazo para o dia sete deste mês e não para o dia vinte e cinco do mês passado como acontece normalmente. Eu briguei com vocês e vocês me disseram que eu estava certo. Imediatamente após resolver tudo, eu liguei para vocês de novo e dois atendentes - eu liguei duas vezes porque eu sei que as vezes vocês erram - dois atendentes me disseram que sim, que agora eu estava na promoção e poderia ligar Vivo-Vivo de graça por mil minutos e eu tenho certeza que eu não gastei eles todos ainda.
- Hm, é verdade senhor Camilo, tem uma reclamação aqui do senhor. Hmmm. Sim. Hmmm. Certo. Hmmm... Ok, queira estar aguardando que estarei entrando em contato com a supervisão para estar resolvendo esta questão.
(musiquinha por uns 10 minutos)
- Obrigado por ter aguardado, senhor Camilo, você deve ser um idiota por ter ouvido musiquinha por tanto tempo, só para eu te dizer que o ramal da minha supervisora está ocupado e que agora eu vou tentar falar com o pessoal do setor de promoções, procure um lugar para sentar e relaxe...
(5 minutos em silêncio. Silêncio mesmo. Sem musiquinha, dessa vez)
- Você ainda está aí, senhor Camilo? Não tm nada melhor pra fazer? Olha, o sistema do pessoal de promoções está fora do ar, mas eu olhei a previsão do tempo na sua cidade e não vai chover hoje à tarde. Vá se divertir! Esqueça isso. O que são 38 reais a mais na sua conta? Vale à pena uma tarde inteira de stress? A equipe técnica informou que o sistema do pessoal de promoções deve estar voltando entre 40 minutos e duas horas, queira estar ligando novamente neste período. Um abraço, e boa praia para o senhor.
- Espera! Vou tentar de novo.
- Ainda? Mas você já está há mais de meia hora no telefone!
- È, escuta só: minha casa fica há dez minutos do PROCOM. Dez de ida, dez de volta, dez resolvendo... Você tem meia hora pra resolver isso. Se não resolver eu vou no PROCOM. Que tal?
- Queira estar aguardando um instante, senhor Camilo.
(1 minuto de musiquinha)
- A minha supervisora acaba de liberar o ramal, a sua nova fatura devidamente corrigida já está encaminhada, não há o que temer. Você tem até o dia sete do próximo mês para pagar a sua conta retificada. Tenha um super fim de semana. Que todos os seus sonhos se realizem, e não esqueça de jogar de novo na Dupla Sena, estou torcendo por você!
e l e i ç õ e sOntem teve apuração dos votos da eleição do D.A. Virtual de Ciências Sociais da Ufba.
Flores de Maio (supostamente independente) - 98
Pra Não Deixar Virar Privada (PSTU) - 89
De Que Lado Você Samba? O Panelaço da Mudança (PCdoB) - 81
Todo Poder aos Estudantes (PT) - 61
Nulos - 8
Brancos - 0
D.A. virtual porque é uma instituição que não existe no papel. Na imaginação das pessoas tem, então, mil burocracias, ações legítimas, ações concretas, representatividades... Mas nenhuma transparência. Nenhum arquivo sabendo o que aconteceu, quando e como... O que não chega a ser um problema, já que nada acontece, geralmente. Atas de reunião, posse... Nada é documentado. Tudo no armengue. Estatuto também não tem. É tudo de boca. E de boca de profissionais do movimento estudantil nunca é confiável.
Foi chato ser comissão eleitoral e fazer esses boiadeiros andarem na linha. Mas de certa forma foi bom. Levantei a questão do estatuto, e agora todo mundo diz que vai ter estatuto. Muito feliz, estou, com isso.
No fim, não vou mentir, foi divertido. Quem eu achei que deveria ganhar, ganhou, quem eu achei que deveria ficar em minoria, ficou. A única parte que não tá bem como eu queria, é essa história de PSTU em segundo lugar. Era bom que eles empatassem com o último, e não com o primeiro, mas não se pode ter tudo. A tensão das quatro chapas na contagem de votos. E praticamente não teve baixaria. Foi bom, o final.
Mais da metade dos alunos do curso votaram. Vamos ver se as coisas começam a acontecer. Não que eu esteja super esperançoso. Mas os números surpreendem. A última votação mal teve 200 pessoas votando, essa deu 337. Veremos.
c r i s eVi
Adaptação de novo.
Acaba de passar na HBO.
Dessa vez eu entrei no filme. Não me distraí hora nenhuma.
Da primeira vez não gostei e Uirá esclareceu, eu estava errado.
O filme é muito bom.
Esse tal Charles Kaufman sabe o que faz.
Pensei o tempo inteiro na peça.
Eu ensaio uma peça com um grupo.
Já tem história, tem efeitos especiais, malabarismos, bastões, andaimes...
Até luzes que balançam.
Mas de alguma forma, ainda não tem história.
Nem comédia, é.
Adaptação entre outras coisas, fala de truques de cinema.
E usa um monte dos citados ao longo do filme:
Final feliz. Pessoas se apaixonam. Crescem como seres humanos.
Perseguição de carro... Tá tudo lá.
Genial.
Na verdade, nem essas coisas todas têm no espetáculo.
Tem o plano delas. Mas falta comprar, montar e ver.
Roteiro de cenas, desenhos de cenário, idéias de figurino.
O que não falta é concepção.
Tem concepção pra uns três espetáculos.
"Espetacularismos" para outros seis.
Gente pelada, maculelê com faca, manobras arriscadas, tudo aquilo.
Não diz nada.
É só estética, até agora.
Estética que não está pronta, não existe. Existirá.
E será boa, ou não.
Estou convencido de que vai ser um fracasso retumbante.
Neste momento. Estou convencido.
Vai passar.
Talvez passe.
Como é que pode? Um espetáculo que é SÓ E SOMENTE E SÓ estética?
Eu criticaria muito esse espetáculo.
Eu acharia fraco. Só isso não é um espetáculo.
"É lindo, mas falta a peça, cadê a peça?", eu diria.
Se for lindo. Ou se fosse, sei lá.
Vai passar.
b a n h e i r o(da escola de música)
Reprodução em caneta a partir do relato de Jarbas Bittencourt
b o b a g eAí deu 23h37 e eu tava no Vila escrevendo projeto com o diretor do espetáculo. Quer dizer, a essa hora, tinha acabado de acabar de desligar tudo para ir para casa. Todas as portas para saída, contudo, tinham sido trancadas. O vigilante noturno não percebeu que tinha gente no meu escritório e trancou tudo, nos deixando presos na zona leste do teatro, sem acesso à guarita oeste, onde tradicionalmente repousa o vigilante.
Ligamos do celular para o Teatro. A essa hora, as ligações caem na guarita oeste. Chama, chama e ninguém atende. Achei uma janela aberta, através da qual foi possível escapar.
Do lado de fora, o vigilante que estava lá na casa da desgtraça, nos avista. Justificou-se dizendo que estava com os vigilantes do Passeio Público, e por isso não estava no posto. Justificativa coerente e cabível, visto que, ficar sozinho de madrugada sem drogas, levaria necessariamente ao sono e à não-vigilância do perímetro. Mas porque não veio atender o telefone?
"Não, rapaz, eu ouvi o telefone tocando... Era vocês, era? Rapaz... É que tem uma mulher, que todo dia depois das 11 da noite fica ligando. Todo dia! Todo dia! 'Converse comigo, converse comigo'. Eu digo, mulher, eu sou casado, feliz, tenho uma filha de vinte e cinco dias, vai à porra, e ela diz que antes ligava e falava com Jorge Bispo
[o vigilante-noturno que ocupava o cargo antes deste. Este é um elemento da trama que cabe como evidência de que a história é real], eu sei lá quem é Jorge Bispo! Então vá ligar pra Bispo e me deixe em paz! E ela diz: 'Ah, mas ele era meu namorado, e agora eu tô sozinha e preciso arrumar outro...' Eu achei que era ela. Aí não vim, vai desculpando aí, tá?"
s u r p r e s a !Por causa de um imprevisto que não pôde ser previsto, tive que passar um tempo num tal de HSR. Acho que o nome é Hotel São Rafael. Eu e mamãe.
É um lugar legal. Os funcionários se dividem por cor. O pessoal da recepção é bege, o pessoal da limpeza é bege também, mas é macacão, aí dá pra saber a diferença, as meninas que correm pra lá e pra cá no primeiro andar são azul, e as moças e rapazes que andam devagar vestem qualquer roupa, mas estão sempre de sobretudo branco por cima e um olhar de quem venceu na vida. Seguranças estão de azul, também, mas calça preta.
No primeiro andar, o quarto da mamãe, o pessoal que corre pra lá e pra cá já não corre tanto, e se veste de branco também, igual aos que andam devagar. Lá também é cheio de gente que anda devagar com aquele olhar de "ai, que saudades das minhas tardes com chá em Canterbury".
No nosso quarto tem uns 6 botões laranjas. Quando aperta, é só contar até 10, e vem o serviço de quarto perguntar se está tudo bem. A diversão maior das pessoas desse hotel é fazer perguntas. Querem saber tudo de minha mãe. Parece até uma celebridade. Toda hora autógrafo. O esquisito é que na hora de autografar, eu que vou.
Eu tomei café da manhã na lanchonete, hoje, e lá é caro mas é gostoso. O quarto tem um telefone. Você pode ligar pro São Rafael e pedir pra falar com o quarto 115-A que eu atendo, só que eu não sei o número do HSR.
Levaram minha mãe pruma sala especial pra tirar foto. Quando foi ver, a foto dizia que tinham vários intrusos junto com minha mãe. Diz que com antibiótico, cedo ou tarde, não tem intruso que resista.
Outra coisa divertida, é que o dono do hotel é católico fervoroso. Dentro tem uma capela e inscrições de Jesus pra todo lado. Tem um negócio na parede assim. RAFA + EL = CURA DE DEUS. Sensacional.
Por estar nesse hotel acompanhando mamãe, eu posso faltar trabalho, escola, ensaio e ninguém fica chateado. Hoje ainda, pego os papéis do dois-autos, e não levo falta na escola nem no trabalho.
O hotel é legal, mas é caro. Então dia desses sai de lá. Essa semana ainda. Não tem piscina, aí enjoa.